Dedos de Covid

Por Tereza Gianinni. Zoe Kleinman – BBC News.

Estudo realizado na Espanha relata casos de lesões de pele como sinais de COVID 19, independente dos sintomas identificados para a situação atual como tosse seca e hipertermia. Essas lesões, com predominância nos pés, foram identificadas em jovens hospitalizados que já apresentavam sintomas respiratórios e persistiam por vários dias e foram denominadas como “DEDOS DE COVID”.

A responsabilidade do estudo ficou com Ignacio Garcia-Doval, que identificou as maculopápulas como a forma comum da lesão (pequenas brotoejas avermelhadas e achatadas ou elevadas) com tendência ao aparecimento no dorso dos pés. Ele citou que “Geralmente, elas aparecem mais tarde, após a manifestação respiratória da doença — portanto, não é útil para diagnosticar pacientes”, acrescenta.

O artigo foi revisado e publicado na semana passada na revista científica British Journal of Dermatology.

As lesões foram enumeradas, como as mais evidenciadas, em cinco diferentes aspectos e se apresentavam com uma multiplicidade bem significativa, sugerindo-se uma investigação frente a infecção virótica que alarmou o mundo.

As lesões cutâneas tendem a se manifestar por uma contaminação virótica, por isso a associação com o CORONAVÍRUS.

Uma compilação com informações detalhadas sobre o desenvolvimento de lesões cutâneas em pacientes com COVID 19, de todos os dermatologistas da Espanha, foram compartilhadas para que fosse possível classificar essas lesões. Foram relacionados 375 casos no total e a classificação ficou assim:

  • 47% dos casos – Maculopápulas – pequenas protuberâncias vermelhas achatadas e elevadas. Duraram cerca de sete dias e apareceram ao mesmo tempo que outros sintomas, mas tendiam a ser observados em pacientes com infecções mais graves.

  • 19% dos casos – Lesões assimétricas – semelhantes a frieiras, ao redor das mãos e pés, que podem causar coceira ou dor. Persistiram em média 12 dias e apareceram mais tarde no curso da doença e foram associadas a infecções leves. Geralmente encontradas em pacientes mais jovens.

  • 19% dos casos – Áreas de pele rosadas ou brancas que pareciam “comichões” acompanhadas de coceira. Principalmente no corpo, mas às vezes nas palmas das mãos.

  • 9% dos casos – Pequenas bolhas, muitas vezes acompanhadas de coceira, encontradas no dorso e nos membros. Duraram cerca de 10 dias e foram mais incidentes em pacientes de meia idade e apareceram antes de outros sintomas.

  • 6% dos casos – Livedo – A pele parecia vermelha ou azul, com um padrão semelhante ao de redes. Representa um sinal de má circulação sanguínea. Apareceu em pacientes mais velhos com doença grave.

No entanto, os pesquisadores enfatizaram que as erupções cutâneas podem ter muitas causas e pode ser difícil diferenciá-las sem conhecimento médico.

“A relevância deste estudo não é tanto ajudar as pessoas a se autodiagnosticar, mas ajudar a construir uma compreensão mais ampla de como a infecção pode afetar as pessoas”, explica Ruth Murphy, presidente da Associação Britânica de Dermatologistas.

Michael Head, professor da Universidade de Southampton, na Inglaterra, diz que “as erupções cutâneas são um efeito colateral bem conhecido de muitas infecções virais, incluindo pneumonia”.

“Com a covid-19, erupções cutâneas e úlceras na pele foram observadas em uma parcela dos pacientes hospitalizados. Ainda não sabemos a extensão dessas ligações, ou precisamente porque essa inflamação ocorre em alguns pacientes, mas não em outros”.

A Academia Americana de Dermatologia, também está compilando um registro de sintomas de pele observados por seus membros.

‘Dedos de covid’ foi um dos sintomas observados.

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Foto: COVID-piel study / BBC News Brasil

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